Filmes de Sfi-Ci em África, um olhar sobre a presença negra nessas produções

Você já assistiu Distrito 9, Chapie e o menos famoso Revolt? Repararam algo em comum nessas produções?

A alta sofisticação cientifica? Sim.

A presença alienígena? Sim.

Os três tem como palco principal países da África? Sim, respectivamente África do Sul e Quênia.

E o que mais?

Caro leitor, caso sua memória não lhe ajudou, faço este serviço, nos filmes mencionados os personagens principais não são negros (as). Vale dizer que os personagens de Chapie e Distrito 9 são sim sul-africanos, descendentes dos Bôeres e ingleses colonizadores.

Como são retratados os africanos (as) negras (os) nesses filmes?

De maneira quase invisível!

Nós brasileiros estamos acostumados com esse apagamento, afinal até o fim dos anos 2000 as novelas brasileiras eram um retrato europeu em terras tupiniquins, guardando aos atores e atrizes negras os papeis pré dispostos de subserviência, malandragem negativa e ou mal caráter e atributos neste níveis. Vale conhecer o trabalho do grande Joel Zito Araújo, em especial, o livro e documentário “A negação do Brasil”

Pois bem naveguemos pelos filmes…

O Distrito 9 dá mais visibilidade aos alienígenas insetos super desenvolvidos do que as negros nativos da Africa do Sul, o filme narra a reorganização do assentamento desses extra terrestres. A população negra local aparece como coadjuvante nos postos policiais sem nenhuma grande ação os envolvendo, os personagens negros que aparecem com uma história definida são mercenários ou praticantes de um culto de antropofagia com os corpos dos alienígenas.  O irônico  deste filme é lembrar que durante o apartheid na África do Sul parte da comunidade negra sul-africana foi levada aos guetos, e viveram em condições sub humanas e presos no chamado Bantustão.

O Chapie é um filme muito simpático alias, consegue apresentar uma Joanesburgo cosmopolita, mas sem a presença negra local a não ser como figurantes e papéis mais que secundários. No filme a força humana policial está sendo substituída por robôs, um jovem programador Indiano altera uma das maquinas que acaba nas mãos de um grupo criminoso, eles formam uma família disfuncional e inserem o infantil Chapie no mundo do crime.  

Por fim o filme Revolt se passa em meio à uma invasão alienígena, por algumas falas do filme não existe mais os Estados Unidos e tão pouco seu exército, a não ser um soldado que carrega um rastreador em seu corpo, ele e uma médica francesa são os protagonistas do filme, o local da trama é o Quênia, e os Quenianos são retratados em primeiro momento como soldados homicidas e mercenários, ou apenas vitimas da invasão, somente no final do filme é mostrada uma resistência negra, um cientista negro que constrói a maquina que pôs fim aos alienígenas, porém a arma não funcionaria, claro, sem o manuseio do salvador Branco.  

Essas produções de padrão hollywoodianas colocam como sempre o homem/mulher branco(a) ou seus descendentes como salvadores, reforçando o colonialismo de redenção pregado pelos europeus nos séculos de colonização.  A sagrada terra mãe da humanidade e seus filhos são apenas figurantes de suas tradições, construções e do próprio FUTURO, afinal esses filmes refletem sobre o por vir e, pelo olhar desses diretores e/ou roteiristas, no futuro os povos africanos ainda dependerão da Europa.

O trato com as comunidades locais em África confirmam a necessidade de reforçamos a circulação de produções genuinamente africanas, locais, e que tenham como roteiristas, personagens principais, tecnologias, estéticas a beleza e diversidade cultural e artística dos diversos povos africanos em seus respectivos países. 

O afrofuturismo é pilar super importante nesta nova narrativa, pois ela conecta nosso passado e toda sua grandeza com um futuro onde nós afrodescendente e os/as africanos (as) serão os proponentes e lideres de sua história e futuro!

E VOCÊ O QUE ACHA DESSAS PRODUÇÕES E SUA RELAÇÃO COM A ÁFRICA?

 

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